Participaram da cerimônia de assinatura do convênio Celso Lafer, presidente da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação, José Carlos Grubisich, presidente da ETH, e Carlos Eduardo Calmanovici, diretor do Departamento de Inovação e Tecnologia da ETH.
Os temas de interesse do acordo e da chamada são “Manejo varietal de cana-de-açúcar”, “Multiplicação acelerada de variedades”, “Desenvolvimento de biomassas de ciclo curto para complementar a cana-de-açúcar na produção de etanol e bioenergia”, “Desenvolvimento de leveduras industriais com melhor desempenho fermentativo de açúcares (hexoses e pentoses) para etanol”, “Otimização do processo produtivo agrícola da cana-de-açúcar”, “Sistemas para automação agrícola com perspectivas para agricultura de precisão”, “Otimização do processo produtivo agrícola da cana-de-açúcar” e “Recuperação e uso de subprodutos e resíduos (CO2, palha, bagaço e vinhaça)”.
De acordo com Calmanovici, nesta chamada, o total de recursos oferecido para atender às propostas selecionadas é de R$ 10 milhões, sendo R$ 5 milhões pela FAPESP e R$ 5 milhões pela ETH. Os projetos deverão ter duração de até 50 meses e as propostas serão recebidas pela FAPESP até o dia 12 de dezembro. Futuramente há previsão de uma segunda chamada nos mesmos valores, totalizando R$ 20 milhões para o acordo.
“O acordo está inserido no contexto de múltiplas oportunidades que caracteriza o setor de bioenergia, desde a área agrícola até a parte industrial. Neste acordo, em especial, priorizamos a área agrícola, dentro da qual estão cerca de dois terços das linhas de pesquisa propostas”, disse Calmanovici à Agência FAPESP.
Na área agrícola, os destaques são as áreas de manejo varietal e desenvolvimento de novos clones projetados para ambientes específicos das áreas de fronteira agrícola. “Também há forte ênfase na agricultura de precisão, automação agrícola e desenvolvimento de novas biomassas de ciclo curto que podem complementar a cana-de-açúcar, aumentando ainda mais sua competitividade”, disse.
Do lado industrial, o foco das linhas propostas está especialmente na área de fermentação. “Interessa-nos o desenvolvimento de novas tecnologias e abordagens para o aumento da competitividade da fermentação e o aproveitamento de subprodutos. Mas, de modo geral, a chamada tem um conjunto coerente de linhas, com foco na parte agrícola”, disse Calmanovici.
A área agrícola, segundo Calmanovici, foi privilegiada por ter avançado menos que o setor industrial, em termos de pesquisa sobre bioenergia. Segundo ele, trata-se de uma área que tem grande demanda de conhecimento e necessidade de inovação capaz de agregar valor.
“A ETH tem seu modelo estratégico baseado em crescimento e novas fronteiras agrícolas. Essas novas fronteiras – no caso paulista o Pontal do Paranapanema – são ambientes novos que exigem justamente o uso desses conhecimentos para atender às suas necessidades. Há grande demanda de tecnologias agrícolas, desde o lado das novas variedades e novas biomassas até o manejo e automação do processo agrícola”, disse.
Brito Cruz destacou que o acordo é mais uma oportunidade de estreitar os laços entre a universidade e o setor industrial na área de bioenergia e biocombustíveis, na trilha do programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
“Essa área tem sido muito importante para a FAPESP. O BIOEN já reúne mais de 100 cientistas e já tem cerca de 60 projetos de pesquisa contratados e R$ 70 milhões investidos em vários temas”, disse.
De acordo com Lafer, uma das preocupações centrais relacionadas ao programa – assim como ao acordo – é estimular, ao lado da avançada pesquisa básica, um bom conjunto de projetos com aplicações viáveis. Por isso é importante desenvolver parcerias com empresas.
“O programa representa uma oportunidade muito especial para o Brasil e para o Estado de São Paulo, porque o Brasil tem a dianteira mundial do conhecimento neste tema. Para manter essa dianteira é preciso realizar muita pesquisa”, disse o presidente da FAPESP.
Brito Cruz chamou a atenção para a importância da chamada tecnologia de primeira geração de produção de etanol. De acordo com ele, muitas vezes há uma tendência a acreditar que a tecnologia usada no país, por ser de primeira geração, não é tão boa.
“É preciso lembrar sempre que a tecnologia que temos disponível é uma realidade e é muito melhor que todas as tecnologias de segunda geração disponíveis até agora”, ressaltou.
Brito Cruz lembrou que, graças às pesquisas realizadas por grupos brasileiros, a Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) passou a considerar o etanol nacional como um “biocombustível avançado”. “Preferimos falar em biocombustível avançado que usar a terminologia ‘tecnologia de primeira geração’”, disse.
Segundo Grubisich, com a parceria com a FAPESP, universidade e empresa poderão trabalhar juntas, assumindo tarefas complementares. “Temos a capacidade de identificar problemas na nossa produção, mas nem sempre sabemos encontrar soluções para eles. Por isso, as parcerias com a universidade são fundamentais. Já temos colaborações em casos específicos, mas entraremos em outro nível ao estabelecermos um programa estruturado, agregando a expertise da FAPESP nos procedimentos de seleção dos trabalhos”, disse.
De acordo com Grubisich, as sete usinas da ETH têm grande capacidade de produção, são todas integradas, com aproveitamento de resíduos e processo de plantio e colheita completamente mecanizado, sem queima de palha de cana-de-açúcar.
“Esperamos que nos próximos dez anos os processos e produtos dessa área tenham uma grande evolução. Nesse contexto, biocombustíveis avançados são uma enorme oportunidade. Esperamos que, investindo em pesquisa, possamos nos situar no pelotão de frente desse mercado, almejando a liderança. Contamos com o apoio das universidades para estabelecer esse grande programa tecnológico no Brasil”, afirmou.
Mais informações: www.fapesp.br/6599Texto: Fábio de Castro
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